sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Duo

Como um ser duplo
Como ser bilateral
bipolar
bicêntrico
bissexual

Divisão da unidade
Única divisão
Ser ambíguo
é ser imparcial
e ser imparcial
Dois lados
Em cima do muro
De um muro

Uma cabeça para Uma mãe
O corpo resto para Outra.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Devolve

Devolva-me
Me devolve,
devolve
Me devolva
Pra mim
Devolva-me
De ti.

domingo, 24 de janeiro de 2010

Nostalgiamarga

Palavras fugitivas em momento de solidão e vácuo abstrato.
Procuro encontrar nestas intermináveis horas um pouco de compreensão no artifício sólido que contêm a minha’lma. Mas não encontro e vejo na angustia dos dias contados numa falha mínima o resto da razão específica... Mantenho como água pura aquele sentimento imaculado, inalterado que espero encontrar nos sentidos vividos ingeridos... Procuro e a procura nunca basta. Nunca encontro. No lugar, um buraco grande e negro onde as idéias se escondem. Habita lá o resto de desespero reprimido que abafa todo resto de sentimento lânguido estrábico.
Paro e concluo. Minhas horas meus dias. A inexistência preferível..
O tudo a mercê de uma era despencada.
E naquele momento, em que um lapso da verdade omite a ilusão e tudo o que faz é tornar cinzento aquele resto de saudade escondida no espasmo do tempo.
Aspiro então.
Como quem não quer, a verdade do ser e não existir. Comprimo e não me componho naquele estado de incoerência explícita em que a alma se choca, busca e não percebe... É só um estado. Nunca constância.
A mutação contínua das coisas e cores abstrai tudo ao redor e deixa apenas uma alternativa impensável, impossível, o fim.
Como se fosse um singelo começo, o fim se manifesta e começa o que seria o seu ciclo perfeito. Sem paradoxos, sem complexos, apenas finda. O sentido das palavras descabidas torna-se falta, não só do que conteria, mas como poderia? Acima de tudo, permanecia. Aguardava o fim que corromperia as boas intenções e nesse espaço, apenas a expectativa. A inutilização de todas as idéias e estruturas. A espera. Há a espera. Como se não houvesse...
E há então naquele pedaço o exílio da imaginação contida reprimida, mas permaneço e concluo na inutilidade da sofridão inoportuna o que ainda restou da esperança voraz...
E aquele momento que parecia eterno era apenas uma ilusão carregada de tudo que não vimos, apenas sentimos...
E quando a garganta hesita no expressar da expressão fragmentada do invisível. A garganta apenas quer dizer, mas hesita uma eternidade de compreensão. Obtenho então, através de goles de nostalgiamarga,a aquele velho cheiro das coisas inabitadas de sentimentos, mas abarrotadas de outras coisas. Apenas coisas, mas é o que são e é impossível se desfazer delas! Mas tento com as migalhas que sobraram, pegar no vácuo dos sentidos inabitados, o resto de luz. Para apagar esse apego descabido.
Apago-me.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Desvio

Não sei rimar
Mimar,
Entrar,
Na cabeça as palavras
Estruturadas
Consadas
De tentar

Manter em ordem
o verbo
Abstrato
Saturado
De estar certo
E limitado

Impor
a única forma de fazer sentido
sonoro
imploro
a escolha
nãoengolir comprimido

domingo, 17 de janeiro de 2010

Carnal

Que me devore.
Ai! Que me afundo em ti
E não retorno
Altera-me, tira-me a paz.
- Tira minha paz!
O que faço com essa espera horas?
O que faço com essa vontade do seu?
Suplico, me entrego:
- Vem logo!
Que me perco,
Consumo-te
Acabo-me realizada
Insana, espero
E você engole
Todo o resto de esperança
Sbae o que faz, manipula-me
- Manipula-me!
Quer-me louca
Sem pensar
Não me toca
Tortura-me com esses olhos
Guloso me come
- Me come!
E se vem as mãos
Esqueço-me
É só você
Eu dentro de você
Te como
Te respiro
Perco o sentido
A eternidade do momento
Que não é tempo
Todo resto é tédio
Não posso nem te dizer
Quando estou contigo
Calo.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Grito?

Um grito estridente que vem do âmago
Crescente quer romper os tímpanos
Perfurar as gargantas herméticas
Os lábios parados mover
Quer preencher todo espaço escuro
Com sua luz escandalosa
Arregaçar a ferida ainda aberta.
O grito camuflado pelas palavras
Quer dizer o que não se fala.
Com a potencia de um dragão
O grito
Que vai calando antes de...
Derretido pelas lágrimas silenciosas.

domingo, 3 de janeiro de 2010

Ao estranho de nome conhecido.

Tantas mãos e uma falta assim feito buraco fundo que me engole de volta aos olhos verdes cheios de infinito. O suor da pele vem se misturar ao cheiro que ficou na memória tanto suor e o sexo rijo que se confunde com o olhar fixo que diz as palavras esquecidas pela mente interrompidas na garganta.
Um estranho velho conhecido que queria esmagar com caricias a carne lânguida entregue a tantos dedos que queriam e entravam sem pressa sem hesitação nos cantos de prazer eterno e eternizavam não só o prazer, mas as verdades do prazer. E arrasta sem culpa numa ausência de olhos pretos que se confundem aos outros olhos e se cansam de olhar pra dentro e vem buscar cá fora num corpo desprovido de abstrato repleto de vontades de se afundar em tantos olhos que não dizem, não sentem, engolem aos poucos tanta sensação do infinito.
Ao estranho P que não é um nome, não é uma palavra de tão abstrato é um momento que eterniza na memória que sente ausência de tanta presença.

Palavra

Quando a boca treme, os lábios balbuciam a palavra que não vem. Palavra interrompida na mente, não permitida pelo medo da negação interna... Eterna negação.
Auto negligencia.
Como tumor corrosivo, feito ferrugem alaranjada, a palavra cresce, obstrui nobres sentimentos e destrói aos poucos um resto sentido de esperança.
A palavra negra.
Colorida
Transparente, tão nublada.
A palavra rouca que é só um cochicho.
A palavra que não é palavra é um estado sem definição.
Que escapole amor.
Amor que escapole entre tantas palavras que não é amor.
E seria amor? A palavra?