domingo, 21 de agosto de 2011

Se me permite a tristeza...


Se me permite um breve momento em que possa chorar sem culpa pelas mazelas mal resolvidas.
Quando todos os sorrisos parecem ferir, qualquer pedaço de alegria parece não ter o menor sentido, a respiração é um sôfrego suspiro que tenta suspender eternamente a respiração.
Se é que posso desejar não ser por um instante apenas... Que esse instante parece infinito e obscurece a menor e frágil centelha de luz.
Quando eu puder mergulhar sem reprimendas nessa angustia intensa que me expõe todos os demônios até então acomodados no submundo da alma. Vejo-os olho no olho e permito que me encham de medo e suguem toda esperança.
Quando eu finalmente puder chegar no limite do sofrimento, encontrar-me suspensa por um fio capaz de acabar com essa única dor... Quando finalmente estiver livre da necessidade absurda de ser feliz e puder me encontrar no mais puro estado de humanidade, hei de... Hei de esvaziar-me para que novamente me complete nas esperanças e alegrias transbordantes, que em questão de segundos, tornam-se estopim para o início de toda dor, e novamente a tristeza e o limite, e novamente, a deliciosa angústia de Ser...

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Primavera!


O que houve com o seu sorriso?
Veja menina, é época de flores.
Ainda há pouco te alegrava com folhas secas.
Não pare de dançar ao som do vento
Não carregue os dias perdidos.
Lembre-se do baile colorido
Das canções que te falam ao coração
Escute, ainda há tempo!
Será que não percebe?
Que te cabe uma vida inteira...

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Não há remédio contra o Coração!


Hipócritas e queridos poetas, na sua eterna apologia à esse suposto órgão que nada tem a ver com a carne humana!
intitulam coração um pedaço vermelho sangue que pulsa e aflige em nosso peito dores inexistentes de amor.
Culpamos esse inocente órgão angústias que somente a mente humana é capaz de produzir. Somente o desespero latente, a carência, a mais obscura mazela humana é capaz de fazer brotar arte na humanidade.
E ao meu próprio coração, tento dizer-lhe, tento apascentá-lo, acalma-te! É tudo mentira dessa minha cabeça louca, não há nada que sofrer... Desobediente, ele cria bocas e braços, pulsos fortes, muitas amarras, uma voz insuportável que parece vir da mais distante galáxia e vem romper meus tímpanos, e vem possuir meu corpo, cegando meus olhos, ferindo meus instintos, teimando... Sou eu quem mando!
Totalmente fraca e quase sem vida, entrego os pontos e lhe cedo o resto da minha respiração.
Se tu me queres coração, torna-me poeta, entrego-te toda minha dor, da minha réles existência faz-me teu instrumento: martelo, espada, espinho, uma flor, tão frágil flor...
E vou ainda chorar às canções piegas, brigar nas esquinas pelo teu nome, cair em desespero à tua renuncia, ao nome Paixão, repudiarei e me agarrei como o próprio Cristo e tua Cruz.
No final das contas, coração, só te peço, não dê ouvidos à essa cabeça louca...