sábado, 21 de abril de 2012

Escuto

Onde está o silêncio? Talvez refugiado nas paisagens inéditas, incriadas da memória, escondido nos recônditos mais obsucuros do pensamento. Talvez nem seja silêncio e tenha o barulho de uma gota que pinga inúmeras vezes dentro de uma caverna cintilante, e é a mesma gota que vai pingando e pingando sem cair ao chão. Até mesmo os ruídos são mais silenciosos que a ausência do som, um ruído constante, quando límpido soa mais silencioso que o cunfuso silêncio. O silêncio não pode estar onde há ouvidos que o escutem, é um paradoxo. Quem escuta o silêncio? O silêncio é uma mentira inventada pras criancas, para que os adultos pudessem continuar em "paz" no seu tormento íntimo. Como o invisível o silêncio é uma irrealidade, um pseudo sentido, uma utopia. Quero inventar o silêncio.

sexta-feira, 6 de abril de 2012

Da gente

A gente samba, a gente come, morre e vive e fede também.
A gente goza e gosta, a gente rosna quando não gosta,a gente espera na esfera do pensamento uma flor abrindo na gente, uma cor brotando na nascente. A gente corre quando nao morre e quando vive espera a morte. É uma gente de estranhar o que sente, de sentir o que não entende, de apanhar qualquer corrente que conduza a gente, que transporte a mente e altere o consciente.
No esplendor de tanta vida, uma vida somente. Entre tanta partida, uma ida. Entre tantas vidas, na vida da gente, o que fica a gente sente.

terça-feira, 27 de março de 2012

Somente...

Na parede ao lado, do outro lado da rua, por toda a cidade, em cada esquina, vozes e ruídos que vêm se misturar a voz oca da minha mente. Travo um diálogo mudo com minha consciêcia, torno-me companhia de mim mesma, companhia que por vezes, ingrata, torna-se a mais desinteressante das companhias, a mais reflexiva e crítica, disposta a mostrar-me a última parte de mim que estaria disposta a conhecer. Outras vezes, essa voz oca torna-se alegre e quase estridente e está a contemplar a beleza do mundo em cores que colore também os sentidos mais pálidos da alma. Fatalmente, em cada intervalo, em cada brecha no silêncio essa voz vem lembrar-me, estou só. Vou buscar em outros olhos, em outras vozes em outros seres minha própria complitute, numa esperanca ilusória de agregar-me de fundir-me e numa tentativa de renegar a voz delatora, vou me perdendo em mim mesma, crendo ser o externo parte de mim, crendo ser o todo, um pouco de mim, crendo ser a vida, um pouco mais que solidào e frágil esperanca.

sábado, 3 de março de 2012

Assim, sem...

A brasa do cigarro cai sobre a perna esquecia, queimndo-a e se esquece também da dor. No mesmo segundo mexe-se, n§ao pelo incomodo do corpo, mas por aquele incômodo invisível que a faz se evantar e e se sentar, andar pela varanda a noite, deixando a porta aberta, está nua.
O gato lambe-lhe os dedos, oferecendo-lhe seu carinho, como explicar-lhe o que não é? Seus olhos já nao sabem mais o que veêm, estáticos num ponto colorido também estático, os ruídos insitindo em trazê-la de volta, não há nada além desse silêncio da indiferenca.
esquece-se, ainda viva vai habitar o passado morto, a lembranca daquele outro corpo quente na cama, é incapaz de aquecer o frio que lhe lembra que tem uma pele arrepiada de solidao.
A noite é eterna, e ochoro já nao tem mais gosto, as lágrimas acostumaram-se com seu curso, e o travesseiro é a vítima silenciosa da dor nele depositada.
Num outro canto na parede, mira um par de olhos foscos semelhantes a botões velhos, uma boca fria e sinistramente contorcida, acalma-se, é só um espelho. Todos as vozes na madrugada vem dizer o nome dele, quando sussurram, com voz sedutora, a dor também torna-se sedutora e acaricia seu corpo, por vezes gritam e lhe arranham até os cantos mais secretos.
Tenta dizer a si mesma que além da ausência, a dor é esse fato incontestável e deixa doer mansamente, até que meus ossos se cansem, até que os olhos sequem... Uma frágil esperanca de que sua alma venha ao seu encontro, de que ela aparte-se daquela outyra alama, e se torne livre novamente pra lhe fazer sorrir.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Ninfa

Ela vem brincar na lua
A carne solta e nua
Vem dançar sem medo
Vem lembrar-se do segredo
Da velha ciranda da infância
Como é bom correr sem rumo
nas estrelas criar seu mundo
desembraçar com os dedos o vento
os cabelos soltos pelo firmamento
vem bagunçar os astros
espalhar todos os brinquedos
brincando melodias e cores
no jardim das eternas flores.

sábado, 26 de novembro de 2011

Espasmo Hermético I


Entidade lunar vagueia no céu, no coração, na palma da mão está o seu sentido tão esquecido que não acompanha a espera e todas as vidas que não se completam na mancha escura da rua deserta.
Caminha sozinha silencio enobrece o outro ouvido, tão quieto e surda não vê o pensamento desconexo. Cai na tentativa de não ver e cospe todo o resto na tentativa de não ser. Caindo, anulando, esperando mais um dia tão comprido que não finda com as horas mais um espasmo.

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Destino



Era uma sexta-feira e a lua estava cheia. Ventava e ela tinha aquela sensação rara de prenúncio como se o coração estivesse exposto para fora do peito e o vento arrepiava-lhe as frágeis veias.
O dia a acordara com um sonho sem imagens, restando, insistentemente, uma sensação de mística que a perseguia até então.
Mais uma sexta feira em que saía para beber e dançar, tentando dessa forma resgatar através do samba e do álcool a quentura no corpo que lhe lembrava o quão viva estava.
Deparou-se logo no começo da noite com um par de olhos azuis acinzentados compostos de uma cabeleira loura e o nome que ele lhe disse, nome de santo, pensou, e em seguida esqueceu-se que nome era.
Enquanto ele falava, suas palavras eram confundidas com o som da sua própria memória, que regressava aos nove anos de idade, num momento nítido e estranhamente semelhante a um sonho, onde seu futuro fora confabulado por uma amiga da família através de suas mãos. A amiga, mulher morena e misteriosa, grande, com trejeitos masculinos, lia a mão da mãe e das outras amigas, pensou que talvez a mulher fosse uma bruxa, e perdeu naquele instante o medo das mesmas, pedindo que ela visse o seu futuro também. A mulher bruxa decretou que seu futuro amoroso seria composto de um gentil cavalheiro loiro de olhos claros.
Depois da adolescência, dos livros, da desilusão e da filosofia, as palavras; romance, príncipe encantado e destino perderam totalmente o valor da infância, no lugar o desprezo e o escárnio.
As palavras e a música desintegraram-se no beijo repentino, e o coração, que ainda exposto e sensível, encontrava-se agora espremido entre os dois corpos, pulsando quente e vivo, trazendo-lhe mais fortemente a certeza de estar viva. Sentiu um breve medo que o coração estourasse ali de tão comprimido, e apartou com as mãos os lábios e os corpos. A voz saiu rouca e mole quando disse:
- Veja a lua!
Os corpos imantados atraíam-se incontrolavelmente, e os olhos azuis perfuravam seus próprios, corrompendo a razão. Em menos de um segundo os corpos se colavam novamente e já não se lembrava que o coração sofria um grave risco.
Entregou-lhe sem hesitar o coração, como se ofertasse à bruxa que acertara seu destino, como forma de agradecimento.
Os corpos encontravam-se intensamente magnetizados, já incapazes de se repelirem, exceto através de uma grande explosão
Ela apreciava o que via, enquanto ele, lascivamente , devorava o seu coração, lambuzando e benzendo com o sangue os sexos entregues à lua, ao destino e à bruxa